Coronas...

Uma coroa prende-me em casa.

Há algo sem reino entre os irmãos que,

de mão em mão, esperam a morte.

Triste anoitecer, só, sem ninguém

para morrer ao nosso lado,

que nos possa oferecer um magro afago ou sorrir...

Ou chorar!

Se me proíbem as mãos, fala-me o coração

e os joelhos dobram.

Minha oração não necessita de higiene,

é o alívio da dor que nos envenena...

um por de sol quente que aquece a alma

e me distrai da morte anunciada,

quase sem pena.

Dai-me Senhor, a coragem dos justos,

o amor dos abençoados,

a força dos escolhidos,

a rotina dos vocacionados,

um abraço de vida.

Sou médico: eterno servidor da vida,

anunciador da alegria,

reparador de corpos,

promotor de sanidade.

À luta!

Deus é minha Pátria salvífica.

Temer doenças?

Jamais!

À luta, por amor à vida,

Esquecendo despedidas, espantando a morte.

Poema inédito (20/03/2020)

Paulino Vergetti