Quarentena

Se eu dançar em meio ao caos, não me segure

não me cure de ser alegre, ainda que reticente

não me cure de amar entre cuidados demasiados

Se na segunda cogitas morrer, espere

na terça a vida é possível

eu, que natureza morta já fui, estou vivo

eu que já fui impermeável à vida

encontro-me líquido à traduzir a saudade

Enquanto suturo o tempo

abro janelas e fujo de mim

meu verso é fratura exposta, nervo partido

Ei! É primavera noutros cantos

mas no meu recanto

é uma estação imprecisa

paleta de preto e cinza

Mas a cor do sol não mudou

a vida, meu caro, é furta-cor

Atreva-se a pintar

Samuel Pereira
Enviado por Samuel Pereira em 11/05/2020
Código do texto: T6944643
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.