Necessito

É preciso saber o enigma,
o segredo da lágrima em esperança,
sabendo que hoje é ontem de amanhã,
que a hora não espera.
É preciso saborear o gosto do agora.
Não posso ficar no hoje.
Não quero ser o ontem de amanhã,
talvez de outro amanhã.
É preciso saber completar o desabafo
sem enigmas, sem segredos,
sem que o canto dos olhos
fique pousado no preto da esperança.
É preciso conter o amanhã,
um pouco mais de hoje,
para abafar o grito de saudade.
Quero que amanheça sem ressaibos.
Preciso saber que hoje será um ontem esquecido,
resguardado na hora da esperança
que afundou e tiniu, quando a prata,
aquela gota dos olhos, mergulhou no espaço
e cantou no assoalho.
É preciso que o fracasso recale,
calado em cada passo que dou,
em um só movimento de reflexão.
Preciso fazer da derrota, um estímulo,
a arma para as vitórias,
para os enigmas da esperança.
Preciso ser hoje tudo que não fui ontem,
quando também era hoje...
e não parei para pensar.
Quero, preciso ser forte,
ter a luz, a destreza do relâmpago,
rápidos e instintivos movimentos,
para não precisar apagar luzes,
quando quantas obscureceram para mim,
para não precisar mais, nunca mais,
ter que fazer uso da palavra...
Preciso, preciso.