Celebrando ao ocaso

Hei de ser livre como a canção,
para celebrar sem fronteiras
as derrotas, com gosto de vitória.
Há de ser supremo não ter que olhar,
contemplar um ontem tão distante,
rompido pela aurora de um novo dia.
Há de ser sempre fascinante
não ter hora, nem um pedaço de terra,
um degrau de escada para a reverência,
nem tampouco observar as etiquetas;
mesmo que sejam as das roupas.
Será positivamente eloquente
respirar a fina flor da liberdade,
cortejar a noite sem deveres, restrições,
semear e colher, beber o suor das emoções
íntimas, infinitamente minhas,
sem dividi-las e sem segredos.
Há de ser um mergulho no tempo,
além das celebrações
dos corrompidos momentos, do relógio, da ética,
do cinzeiro, da campainha,
do telefonema na hora exata.
Ah, há de ser um tombo nas convenções,
queda dos tabus, preconceitos,
uma fuga contra compromissos
irremediáveis.
Hei de ser livre; a forma não importa.
Quero estar firme comigo,
talvez, quem sabe, que ao menos me vejam assim.
Quero e hei de ser a canção sem fronteiras,
rompendo a aurora ... Um novo dia,
uma nova imagem livre ligada em mim.