Sem meios

Quando minha voz se tornar em paz,
entardecer a beira do regato,
soar aos cânticos da passarada,
cair do céu sem espaço limitado,
aí sim, estarei contigo, serei rei,
serás a preferida no palco do sossego.
Quando o medo, a febre de desejos
não mais habitarem o contorno,
a moldura, esta casca passageira
que empalidece de saudade;
quando tudo acontecer, serei criativo.
Dentro da paz ditarei poemas,
versos que hão de comover,
hão de transformar, remover
impurezas e festejar um novo dia.
Quando a lágrima deixar de rolar
fervente neste olhar intranquilo, vazio,
não molhar minha boca seca;
sim, serei dono do mundo,
pertence exclusivo do seu trecho,
deste pequeno atalho que é a vida.
Quando o princípio deste desejo
vier pelo fim das coisas que almejamos,
nos enganos que nascem dia a dia
combatendo, transgredindo a formação,
os princípios, conceitos de virtude.
Quando chegar a hora,
terei as mãos carregadas de flores
e paz na palavra, brilho pelo rosto.
Da tarde triste farei a ressurreição,
o renascimento, trocando cores.
E no azul a festa da alegria,
tremulante na bandeira branca da paz,
por fim desfraldada
no início dos finais.