CLAMOR
CLAMOR
Quantas orações, quantas lágrimas,
quantas sepulturas serão necessárias
para saciar a fome de poder
e a ganância dos encastelados?
Até as pedras clamam por um gesto,
um abraço, um afago.
Até quando oscilará sobre nossas cabeças
a espada de Dâmocles,
pela omissão dos lunáticos,
pela omissão dos atalaias?
Até as nuvens, o vento, as matas
clamam por socorro!
Onde estão os caçadores de votos?
Cadê as mulheres de Tejucupapo?
Por que se calam os justos?
Na fortaleza da minha solidão
assisto a destruição dos sonhos,
pela janela luminosa uma nuvem negra
invade todos os cómodos
e ouço, angustiado, a risada de um fanático.
Vejo nas suas mãos uma metralhadora
e ao seu redor um bando de abutres.
Até quando? Até quando?