CLAMOR

CLAMOR

Quantas orações, quantas lágrimas,

quantas sepulturas serão necessárias

para saciar a fome de poder

e a ganância dos encastelados?

Até as pedras clamam por um gesto,

um abraço, um afago.

Até quando oscilará sobre nossas cabeças

a espada de Dâmocles,

pela omissão dos lunáticos,

pela omissão dos atalaias?

Até as nuvens, o vento, as matas

clamam por socorro!

Onde estão os caçadores de votos?

Cadê as mulheres de Tejucupapo?

Por que se calam os justos?

Na fortaleza da minha solidão

assisto a destruição dos sonhos,

pela janela luminosa uma nuvem negra

invade todos os cómodos

e ouço, angustiado, a risada de um fanático.

Vejo nas suas mãos uma metralhadora

e ao seu redor um bando de abutres.

Até quando? Até quando?

henrique ponttopidan
Enviado por henrique ponttopidan em 05/01/2021
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