A vida escorre por entre os dedos

A vida escorre por entre os dedos
Não há tempo para planos ou medos
Medos são para os jovens
Planos são para os tolos
Perdemos tempo e cumprimos ordens
Tentando acumular tesouros

Se para nós faltou o sonhar, sobrou o agir
Nosso tempo é o agora, não dá para fugir

Quanto mais o tempo corre
Aí é que precisa ser esperto
Se nenhum mapa te socorre
Veja a beleza que está bem perto
Se pela ponta dos dedos o tempo morre
Ser feliz é só o que me ocorre
E agora, só pode dar certo

Se a vida foge entre os dedos
É porque fazemos dos sonhos brinquedo
Guardados longe da ira da criança
Protegemos a ampulheta em segredo
Coberto sob a capa da arrogância
Premiando gestos toscos de apego
Transmitido pelo ego traído
No último dia como herança

A nítida sensação de tempo perdido
O peso do passado que não pode ser corrigido
Aquela vontade da coragem de ter dito
E a falta de tudo o que não foi sentido
Todo o desejo reprimido, sucumbido
Pela consciente renúncia de tudo o que não foi vivido

No fim, pouco importa a história de escassez ou de bonança,
O consolo de quem fica é o exemplo
E a bagagem de quem vai, é só a lembrança

Sim, a vida foge entre os dedos
E o tempo torce por quem não perdeu a esperança
Fazendo com a velha vida, nova aliança
Pra quem agora tem pressa e começa nova andança

Muda o sentido
Caminha rumo ao desconhecido
Usando como atalho, os erros do caminho já percorrido
E ao se deparar com o que foi perdido
Não enxerga mais um inimigo
e sim o orgulho de nunca ter desistido
Já não caminha só, tão pouco teme o perigo
Não olha para fora, nem se apavora
Pois sabe que é do lado de dentro que está o melhor abrigo
Depois desse dia nada muda, mesmo assim, tudo faz sentido!