Choro matinal

choro matinal

de Antonio Soares

rumor astral... a fada me assedia

a sua vara estala em minha fronte

uma, duas, três vezes estalou

três vezes o meu não a fez raivar

- não serves, não, a c'roa duma fada

teus olhos não têm luz pra me atrair

mas logo contra ela os meus rumores

- não quero, deuses, não, a vossa graça

um farfalhar voraz sangra rumores

os sonhos são punidos ao nascer

e logo meus desejos condenados

à noite dos possíveis impossíveis

ao choro matinal do silêncio