O piano

O soar de cada tecla

Me libertava

Ao sonhar com aquele dia em minha casa

Que eu estava à flutuar

Na ficção do imaginar

De um pequeno garoto

Que estava a sonhar

E em duas teclas dissertar

O mais lindo amor que estava à vivenciar

O soar de cada tecla

Me libertava

Até esse novo mundo que buscava

O licor de cassis,

E a bergamota do seu perfume delirava.

E a cada sonho

As teclas se juntavam

E homogênea a sinfonia se tornava

Aquele piano, abandonado na sala

Em suas teclas refletiam o que eu sonhava.

Em abarcar teu amor

Que vivo me tornou

Nesse mundo de rancor.

O soar de cada tecla

Me libertava

E na partitura da esmeralda dos seus olhos,

O que foi um dia seco

Úmido se tornava.

Diante da janela da sala

Minhas lágrimas escorriam,

Na esperança de surgir um novo mundo de magia

Onde mal sabia o que eu queria

Apenas o que sentiria

E era o que dizia

Ao garoto que persistia, em lutar contra o amor

Que lhe destruía

Dia à dia.

O soar de cada tecla

Me libertava

E a cada tecla

Meu amor aumentava

E a ficção realidade se tornava

Diante daquele piano abandonado na sala.