MIRABOLANTE

.

Prodigioso andar na corda

Bamba, mantendo o equilíbrio e o lume

Entre a estima e o ciúme;

Quanto mais alto se vai, tombo maior quando cai

Tal qual a sorte da vida, o sonho distrai;

Inconstância serve de trilha...

Andar com fé; subir na vida, no prédio, no cume

Ir além, alhures... Propor uma trégua

Piedade se cair implora, desdém muito embora vem

Olha a faca! Nas costas, na bota...

Andar ereto nesta época é alvitre

Em frangalhos, migalhas, duro, liso...

Dinheiro nem pra mortalha;

Andar nu, no fio da navalha...

Abaixo o meio-fio, na espinha o frio por inteiro

Paralisa a morte e emite um novo aviso.

Pandego, nada; pendenga impune!...

Deslizar docemente no amolado fio, serpenteia

Faca de dois gumes

Estraçalha como se foram legumes

Cortando na própria carne ou na esperança alheia

Uma sorri. É o sucesso...

A outra recorta, dizima; isenta o algoz imune.

.

by jorge-arildo

. .