Quase 5.6

Às vésperas de completar mais um ano

- cinquenta e seis para ser exato -

me pego pensando na vida

e em tudo o que passou de fato.

Mas o pensamento é algo traiçoeiro,

vai onde quer e traz o que convém

parece-me então que em todo esse tempo

de importante, não houve nada nem ninguém.

"Ledo engano" - retruca meu coração -

"os anos não se contam por aquisição ou bens:

Olhe ao redor, veja onde estás. Agradeça,

pelos seus dias e por tudo (ou nada) também.

Nestes tantos anos vividos, muita coisa você viveu:

Andou, construiu, caiu e levantou - atente a tua memória.

E eu respondo, meio tímido: a gente sempre quer lembrar num dia

Todos os feitos e vividos da nossa longa história.

Abro um sorriso, fecho os olhos e emudeço

Peço perdão e me desculpo, por pensar tanta tolice

E meu corpo diz, em tom irônico, quebrando o gelo:

"Esquecendo as coisas, sintoma de velhice!"

E rimos juntos - coração e corpo - um riso solto, alto,

que ri da gente mesmo, ridículo e tolo.

E eu que não pensava em comemorar mais nada,

Me pego agora encomendando um bolo!