O beco

Adentro num beco escuro

Tão estreito e aterrorizante

Sinto que tuas paredes caem por cima de mim

Querendo me consumir em alucinações?

Afasta-te beco, não terás acesso à minha ferida.

És estreito demais para minha pujante vida.

 

Mas, vejo-te, de novo, ó beco cruel,

Insistindo em sufocar-me

Achando que fechar-me em tuas paredes

Vais conseguir me intimidar?

Afasta-te beco, não apostes em meu vacilo.

És ilusório demais, não pretendo senti-lo.

 

Percebo-te, então, ó beco insano,

Querendo me sabotar

Imaginando que cederei ao seu projeto ardiloso

Se, em algum momento, eu hesitar?

Afasta-te beco, não me dispersará de minhas loas.

És mesquinho demais para a minha pessoa

 

Agora eu sei, ó beco tenebroso,

Queres, na verdade, abreviar-me do mundo,

Achando que sob tu devo perecer?

Tentas me levar a um fim previsível.

Afasta-te beco, não tens o jugo da minha vida.

Saiba, pois, que acabei de encontrar uma saída.

 

Luciano Abreu
Enviado por Luciano Abreu em 06/12/2022
Código do texto: T7665955
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