O beco
Adentro num beco escuro
Tão estreito e aterrorizante
Sinto que tuas paredes caem por cima de mim
Querendo me consumir em alucinações?
Afasta-te beco, não terás acesso à minha ferida.
És estreito demais para minha pujante vida.
Mas, vejo-te, de novo, ó beco cruel,
Insistindo em sufocar-me
Achando que fechar-me em tuas paredes
Vais conseguir me intimidar?
Afasta-te beco, não apostes em meu vacilo.
És ilusório demais, não pretendo senti-lo.
Percebo-te, então, ó beco insano,
Querendo me sabotar
Imaginando que cederei ao seu projeto ardiloso
Se, em algum momento, eu hesitar?
Afasta-te beco, não me dispersará de minhas loas.
És mesquinho demais para a minha pessoa
Agora eu sei, ó beco tenebroso,
Queres, na verdade, abreviar-me do mundo,
Achando que sob tu devo perecer?
Tentas me levar a um fim previsível.
Afasta-te beco, não tens o jugo da minha vida.
Saiba, pois, que acabei de encontrar uma saída.