Perdas, distâncias e reconciliação

Desde que perdemos o nosso filho amado,

Dormimos em quartos fechados, separados.

Várias vezes eu escuto teu choro no banheiro,

E tudo o que queria era te abraçar o dia inteiro.

Caso eu persista em te isolar e te trancafiar,

Como é que a tua luz poderá brotar e brilhar?

Nesta nossa não convivência sob este triste lar

Só pensamos que esta chuva triste nos afogará.

Tantas coisas do passado têm ainda nos distanciado,

Sei que nos amamos, todavia tudo tem dado errado;

Desde o dia que um ao outro nos tornamos estranhos,

Nossas vidas são agora um enorme vazio sem tamanho.

As noites prolongadas com teu corpo ausente,

Dormindo no sofá, longe do teu corpo reluzente.

Eu quero te expressar o amor que meu ser sente,

Pois te amo de toda a minha alma argente, pungente.

Mas ao me aproximar de ti a velha ferida grita,

Uma barreira se ergue e o silêncio nos domina.

Teu olhar, antes tão florido, não tem mais vida,

Pois nossa perda sofrida só cresce e nos discrimina.

Amor, olha pra mim! A vida ainda tem rosto e nome.

Nós dois já sofremos demais e culpa a gente não tem.

Ainda podemos nos perdoar e buscar sentido e alguém

Que nos ame e viver uma vida em que a paz nos assome.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 04/05/2023
Reeditado em 06/05/2023
Código do texto: T7779717
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