DA JANELA, A DOLORIDA
Lágrimas perseguem os olhos,
Encharcando caminhos de dor
Coração partido em meu peito
No quarto escuro, definho sem amor.
Com violência batem os ventos,
Estremecendo a janela, o vidro
Trazendo-me tortuosos pensamentos
O que há de errado comigo?
Mar de angústias meus olhos vêm chorar,
Na janela, a chuva vem me consolar!
Gotas lacrimejantes, no vidro, a falar
Junto comigo, na tristeza, a suspirar.
Barulhos d’água, como pedras a cair
Meu coração, sangrando, está ferido,
No telhado, como se fossem partir
Trovões quebram o silêncio, gritando comigo.
Dizem sem motivos para ser sofrida,
Até o céu privou-me do sol a brilhar,
Avistando, da janela, a dolorida,
Até ele se negou a iluminar.
Como poderei suportar?
Fecho meus olhos, desejando o fim
Encontrei força para continuar,
Cicatrizando a dor dentro de mim.
Cuidado, ela pode sangrar
Eu mesma tentarei me encontrar
O segredo da cura é se amar
Com a linha do próprio amor, remendar.
Quando o temporal de mim se apartar
Lágrimas caem de meus olhos ao chorar
Na janela, as flores, de lágrimas eu vou regar
É possível, da dor, a vida ainda brotar?
Minh’alma, desnuda no espelho,
Desvencilhada da dor e do medo,
Na cura, descobriu seu segredo.
Como ser livre novamente?
Com dor que se vive e sente
Sorrindo, mas querendo chorar.
Dessa dor sublime deveras
Plantei jardim de primaveras
Na dor, pude comigo me encontrar.
Talvez a mesma dolorida
Seja a que, apesar das dores da vida,
Nunca deixou de sonhar.
Talvez a dolorida da janela
Seja mesmo aquela
Que jamais desistiu de lutar.