A ESPERA

(13/11/13)

 

 

O que dói no tal Poeta?

 

Descobrir-se apenas homem,

No lugar do eterno amante.

Encontrar outra mulher,

Na musa. Pré, pós. Durante.

 

Explodir-se no concreto

Sonhando com o abstrato. 

Perder-se na escuridão,

Tentando avivar as cores.

 

Ouvir somente sua voz,

Declamando sobre amores.

Sentir-se assim, inodoro.

Sem perfumes, sem olfato.

 

Enrolado em panos, fronhas,

Arranhando-se em nós.

Medir, na métrica a linha, 

Da outrora insolve união.

 

O que dói no tal poeta?

Negar descobrindo o NÃO,

Teimar, repetindo o É,

Fingir, enganando o NADA.

 

Perceber que o coração,

O seu, que em outro batia,

Cantava, pulava e ria,

Por vezes esfola e sangra.

 

Saber que pra todo o escrito

Apagar-se, ir-se ao vento.

Basta da musa um sorriso.

Um beijo, trejeito tal.

 

O que doí neste poeta?

 

 

 

A espera.