Perdão

Perdão, por eu nada dar-te

Na tua hora de extrema aflição,

Mesmo possuindo bens materiais;

Perdão, por eu falar demais,

E calar-me,

Pusilânime, trancar-me

No meu egoísmo,

No meu oportunismo

Ficar mudo,

Indiferente

Ao sofrimento de uma sofrida gente,

Quando eu devia ajudar-te,

Irmão querido

Do mesmo país em que nascemos,

Mesmo que em região

Diversa que a tua,

Pois na hora da desdita,

Não se divide a Nação;

Perdão, por ser eloquente

Diante de coisas banais,

Que nada edifica,

E omisso, frente a situações

Que requerem compaixão :

Um gesto, uma atitude, um momento

De solidariedade ante o sofrimento

De tantos que padecem

Acerbas agonias,

Agruras, desses tristes dias!

Perdão, por não chorar

A dor, e até zombar

Dos que carecem

Mais do que o pão ,

Ajuda, e impotentes não sabem lidar

Contra a força da natureza,

Que é bela,

E qual uma dama caprichosa,

Mimosa e orgulhosa ,

Requer sutileza

Para lidar com ela .

Quando molestada pela ação

Malévola do homem,

Responde em hecatombes

E desastres ambientais .

E o próprio homem, visto

Que dera causa à própria destruição ,

Não sabe lidar

Com o infortúnio, impotente fica

Frente ao imprevisto

que lhe rouba tudo,

Lhe dilacera os sonhos de riqueza.

Perdão, por eu ser covarde, e não defender

Quem é alvejado pela maledicência que vem

De palavras ferinas, maldosas,

Pejadas de inverdades rancorosas,

Com o fito de tumultuar

Ambientes e mentes,

Tão somente

Para prejudicar ;

Perdão, por quem é refém

De tantas mentiras, rematadas maldades,

Perfídias, atrocidades,

Que só atrapalham, ampliam as dores,

Multiplicam os dissabores

Nesta triste hora de agro tormento ,

Que mais que o pão,

Estendam a mão .

Não façam como muitos que fingem

Não estarem vendo

A quem sofre tanto.

Com um gesto simples de amor,

Amenizem o pranto,

Suavizem a dor

De um sofrido povo, que é teu irmão!

Perdão, por eu nada fazer

Por quem viu de repente,

Tudo que tinha se perder,

E o pouco que possam lhe dar,

É muito, para continuar vivendo .

Perdão, por eu ter dado vazão

A tanta destruição:

Poluir as águas dos rios, riachos,

Lagos e mares !

Destruir suntuosas mansões.

Destruir modestos lares.

Destruir a natureza -

Solapar encantos e belezas-

O ventre da Terra ferido.

Ali, onde fora uma floresta,

Tudo está perdido!

Hoje , do esplendor e encanto,

Nada mais resta.

Só se ver , imensas clareiras

Abertas no coração das matas,

Dos bosques, das capoeiras…

As águas rolando,

Quais imensas, gigantescas cachoeiras,

Gemendo, pelos polos sangrando,

Carpindo mágoas, chorando

Pela perda do bem mais precioso- a vida!

Perdão, por tudo que causei,

Pela maldade inata

Que me habita a alma, qual incurável ferida

Que aniquila, aleija, mata.

A ambição como meta, tenho, bem sei.

O lucro em lugar do coração.

Podem me chamar pelo nome: o homem!

JUCKLIN CELESTINO FILHO
Enviado por JUCKLIN CELESTINO FILHO em 12/05/2024
Reeditado em 21/05/2024
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