Quando a Índia chorou...

Cunhã...

Quando passar a primeira lua... E a chuva estiar... O leito do rio secar...o sol nascer por trás da ribanceira...tu voltarás a correr pelos prados...É verão.

Aquela índia que sempre sorria para o povo da aldeia;

Perdera o brilho dos olhos, ficara como quem morrera;

Fora arrancado dos seus braços, o amor tão sonhado;

Não lhe foi dado o direito de viver com o homem amado.

O seu senhor, dono das terras e do seu corpo;

Não perdoou a índia, por não se doar nem um pouco;

Por esse sentimento que aflorou no coração;

Desterrou-a para as matas, longe da civilização.

A índia chorava noite e dia, perdendo a noção do tempo.

Se era inverno, se verão, só lhe importava o amigo vento.

Que sacudia seus cabelos, numa carícia constante;

Levando-a em pensamentos a belos momentos vibrantes.

Onde estará o meu amor? Perguntava a índia a definhar

Será que dorme que pensa em mim? Onde é que ele está?

Tantos sonhos que juntos sonhamos, passeios, viagens, enfim;

E eu aqui desterrada, meu Deus, diga-me o que será de mim?

Mas em um belo dia, a índia acordou mais forte;

Seu amado a visitara...Mesmo em sonhos, veio até o norte.

Isso a deixou com coragem para as lutas enfrentar;

Mesmo com as dificuldades que iria ter que travar.

Tomou um banho demorado, com sabonete de Ameixa.

Mergulhou naquele rio, lavou as suas madeixas.

Passou o óleo no corpo, com aroma de Romã

E preparou-se para o momento do encontro com o amanhã.

Sem medo, já decidida, retornou para seu lar.

Catou suas roupas, sandálias, nada mais ela quis levar.

No peito muita coragem e amor no coração.

Já havia em definitivo tomado aquela decisão.

Beijou as filhas, falou do seu amor por elas;

Rogou perdão a Tupã por causar tantas mazelas.

Pediu desculpas ao seu dono, que agora entendeu;

Que o amor daquela índia, nunca que seria seu.

E a índia correu... Atravessou o rio e a ponte...

Como sonhara um dia, pensava a todo o instante.

Do outro lado, já na cidade grande, o forasteiro a aguardava.

Enfim, estariam unidos, vivendo uma nova jornada.

Em tempo: Tudo o que queremos, podemos realizar, basta crer. Eu creio.

Em homenagem à índia "WERÊ"

Adi
Enviado por Adi em 09/05/2008
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