Verde até quando?

Um dia ainda vou embora

Pensava tantas vezes

Em ter uma liberdade

Lugar para mandar

Mas ia ficando

Debaixo daquele teto

Cercado de família

Ia rolando e enrolando

Tão conveniente culpá-los

Por todas minhas culpas

Um pai ausente

Uma mãe inconveniente

Irmãos que não conheço

Eu não mereço!

Hoje, fora daquele lugar

Curti minha loucura

Pensei que ser adulto

Era não ter ninguém opinando

Nas coisas que fazia

Onde está minha alegria?

Ela é tão passageira

Não quer morar comigo

Na minha casa tão “clean”

Vive a fugir de mim

Prefere ficar onde eu estava

Bem no meio daquela gente

Eles são tão crentes

Eu os achava uns coitados

Pobre de mim!

Antes não ter percebido

Que tinha tudo de mais importante

Afagos, amor e mesmo assim

Larguei tudo pra lá

Em nome de viver minha vida

Saudade, orgulho, vaidade

Me acompanham todo dia

Preferia ter a alegria

Que mora com a minha família

Estou aprendendo a dar valor

É a pura verdade

Tem que se estar longe

Para perceber o todo como quadro

Tenho tanta coisa

Eu preciso aprender a agradecer...

Falei com a minha mãe hoje

Ela sorrindo me acariciou e disse

“Começou a amadurecer”

Mas eu ainda

Não dei o braço a torcer.