Oito e trinta e dois.
Oito e trinta e dois.
É uma noite muito, muito fria de julho
E eu ligo para saber como estás.
Tu dizes que estás na cobertura;
Que colocaste uma antena no telefone
E que, por isso, ele não dá mais chiados.
Estás em paz, num estado de semiletargia,
Olhando as estrelas que enfeitam o firmamento,
Curtindo docemente este momento,
Com tua gata siamesa, sensual e castrada no teu colo,
Ronronando ao suave andar da rede.
Ao redor a cidade segue em sua calma,
Pessoas jantam, vêem tv, ou conversam simplesmente,
Passeando atrás dos quadrados que chamam de janelas.
As árvores farfalham com o vento,
É a mais linda, calma e verdadeira tela.
E eu te pergunto:- Estás quentinho?
Comeste bem? Tens aproveitado as férias?
-Chata, uma grande chata. Você é minha mamãe,
Mas vê se não me mata...
Estou curtindo a vida devagarinho...
Então confesso que queria ser tua gatinha
Para estar contigo vendo o Universo.
E ele diz, não sente ciúmes não.
Ela está aqui comigo, mas tu...vives em meu coração.
Stela Maris de Albuquerque Fontoura