Oito e trinta e dois.

Oito e trinta e dois.

É uma noite muito, muito fria de julho

E eu ligo para saber como estás.

Tu dizes que estás na cobertura;

Que colocaste uma antena no telefone

E que, por isso, ele não dá mais chiados.

Estás em paz, num estado de semiletargia,

Olhando as estrelas que enfeitam o firmamento,

Curtindo docemente este momento,

Com tua gata siamesa, sensual e castrada no teu colo,

Ronronando ao suave andar da rede.

Ao redor a cidade segue em sua calma,

Pessoas jantam, vêem tv, ou conversam simplesmente,

Passeando atrás dos quadrados que chamam de janelas.

As árvores farfalham com o vento,

É a mais linda, calma e verdadeira tela.

E eu te pergunto:- Estás quentinho?

Comeste bem? Tens aproveitado as férias?

-Chata, uma grande chata. Você é minha mamãe,

Mas vê se não me mata...

Estou curtindo a vida devagarinho...

Então confesso que queria ser tua gatinha

Para estar contigo vendo o Universo.

E ele diz, não sente ciúmes não.

Ela está aqui comigo, mas tu...vives em meu coração.

Stela Maris de Albuquerque Fontoura

Stela Maris de Albuquerque Fontoura
Enviado por Stela Maris de Albuquerque Fontoura em 06/04/2006
Código do texto: T135041