COVIL

Quando os homens abandonarem

o aconchego das cobertas e a comodidade do cansaço

descerem das camas quentes, sentando na beira da calçada

nas madrugadas geladas para admirarem a lua e as estrelas

talvez, sejam mais felizes

Mas, infelizmente não é assim

somos filhos da pressa apressada

suamos enlatados nos coletivos

brigamos todos por um lugar ao sol

Minha casa já não me pertence

meus filhos não conheço-os

amor feito às pressas

sem gozo, sem calma

obrigação, nada mais!

As ruas passam, os meses, os anos

continuamos na mesma

as luzes dançam em ritmo acelerado

Metrópole, Megalópole

qual lobo ferido e acuado

perdido na selva medonha

gravata e terno de aparências

relógio-ponto, senhor implacável

café amargo, antídoto sereno

cercas e muralhas de papéis-oficio

Nós lutamos contra o tempo.

JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES
Enviado por JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES em 22/05/2006
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