Se o modelo não fosse a tragédia...

Encostei-me na parede pra chorar “junto” à chuva

Meu coração parecia um terremoto

E fez tremer o concreto inabalável

Pulsava alto, cada vez mais, e quase como

um trovão ele gritava...

mas apenas eu podia ouvir seu tormento

que misturado ao pensamento,

O real se tornava abstrato, e o sonho seguia atemporal

A dor meio terna, quase branda

E as lágrimas já não tinham peso...

Foi quando despertei chocada, ainda chovia,

Porque mesmo andava cabisbaixa?

Simplesmente não entendia, não me lembrava...

Sim, havia um gato morto na estrada

Porém nada fazia sentido... O frio doía meus ossos

E o ócio que ali vivia, assombrava minha vigília

Insone, febril, sem esperar novidades,

E sem, porém abandonar seus observados;

Então, cria no liquido à parte o concreto

Na chuva representando o esvair de meus dias

No gato, ao fim da sétima vida...

Cria no desespero de perder as lembranças,

Na bela história, como seria?

Se o modelo não fosse a tragédia;

E se enfadada dessas heranças humanísticas

Enfiasse água a baixo os vestígios deste mundo.

Viver feito serpente absoluta e tensa

Ou borboleta em seu auge, um tempo curto...

Shauara David
Enviado por Shauara David em 26/05/2010
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