METADE DO MEU TUDO
Adaptação do poema, Metade de Oswaldo Montenegro, com a devida licença ao poeta, para minha querida irmã bióloga, andarilha, ciganinha, que saiu de casa aos 19 anos em busca de novas possibilidades na sua carreira.
Me impressiona a de ver como essa poesia é facilmente adaptável!
Que a força do medo que tenho não nos impeça de ver o que se anseia.
Que a morte de nosso tutor, não nos tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim nós é o que gritamos, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que escutamos ao longe seja linda, ainda que traga a saudade.
Que a irmã que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de nós é partida e a outra metade é só saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a duas irmães repletas de sentimento.
Porque metade de nós é o que ouve, mas a outra metade é só o que cala.
Que a nossa saudade, se transforme na calma e na paz merecemos,
Que essa tensão e saudade que nos corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de nós é o que pensamos e a outra metade é o nosso único vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho sempre reflita em nossos rostos os doces sorrisos que eu lembro termos dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fomos, a outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para nos fazer aquietar o espírito.
E que os abraços em silêncio nos fale cada vez mais.
Porque metade de nos é esse abrigo, mas a outra metade é só cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente
Complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de nós é a plateia e a outra metade, a canção.
E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... Tati você.