Marcas Eternas

Ele chegava sempre de madrugada,

E, quando ele chegava, a paz se dissipava.

Possuído por um espírito tenebroso,

Causava terror por onde passava.

Quando chegava,ia direto para o quarto,

Bater nas filhas, por qualquer motivo,

Ou mesmo sem motivo nenhum.

As lágrimas, que insistiam em correr livremente,

Tinham que ser aprisionadas.

Isto cortava a garganta das garotas,

E fazia com que o coração ficasse apertado.

A mãe, do quarto, ouvia cada vez que o couro cortava a pele,

E chorava, sem poder fazer nada.

Era o terror noturno, que vinha e insistia em ficar.

Era o terror que vinha para tirar a inocência,

Para atormentar uma vida inteira.

Quando aquele suplício se findava,

Elas, sem ter dormido, iam trabalhar.

E o couro deixou marcas em sua pele,

O som daquilo tudo deixou marcas em sua mente.

As marcas eternas,que, guardadas ou não,

Não permitiria que nada daquilo fosse esquecido.

As marcas profundas de uma criança,

Que se estendem até a morte!

A.F. 19/20-04-2010

Anita Ferraz
Enviado por Anita Ferraz em 18/09/2010
Reeditado em 16/12/2010
Código do texto: T2505450
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.