Ser Mãe

Mãe,

És portadora da vida antes mesmo de sabê-lo.

Nascestes mulher e o instinto está contigo.

Em teu ventre verte vida que no decorrer do tempo se reveste de vida,

corpo, consciência e lógicas incompreendidas.

Afinal, é uma vida!

Uma outra vida.

Traz contigo o humano sem saber em si quem é ele,

o que quer e para que veio.

Reconhece-o apenas como seu filho. É o bastante.

Traz consigo o a sabedoria carregada há séculos

da responsabilidade por um alguém

a quem nem ao menos conhece

mas que por geração e laço ambíguo se torna FILHO.

Começam assim os planos.

Instalam-se assim verdades.

Desejos seus que em nenhum momento é de outra pessoa se não teu MÃE.

Teu sonho hipocritamente se constitui FILHO.

Você hipocritamente se constitui MÃE.

Um filho.

Uma mãe.

Duas pessoas em uma pessoa.

Mas sempre duas.

Traz em seu bojo o menino

e o guardando no ventre protege, rege, gere.

Afinal és Mãe.

Queres o colo, o aconchego,

a melhor roupa e a melhor escola.

É seu Filho e você é a sua Mãe.

Mãezinha. Mainha. Manhêêê....

Essa palavra você nunca mais deixa de ouvir

nem que seja dentro de ti.

Esse cargo você nunca mais deixa de ter

nem mesmo quando falecer.

Serás mãe ausente.

Mãe presente.

Mãe católica.

Mãe crente.

Mãe chata.

Mãe desleixada.

Mãe complicada.

Mãe encrenqueira.

Mãe querida.

Mãe amada.

Minha Mãe verdadeira

Cargo vitálicio de alegria ou suplício

e não se fala mais nisso.