Moolight Sonata

Ah! Não me falta amor de pai,

Não me falta ansiedade,

Não me falta curiosidade,

Me falta ar, me falta fôlego,

Para sentir a alvorada do amor,

Que desagua de uma mulher,

Em formato sui- generis,

Esta bolsa de felicidade,

Este ser animado, que desponta

Esta flor de alabastro, que encanta

Como o som de uma sinfonia

Num roteiro ideal, numa forma real

Como uma lágrima que escorre em um rosto insensato

Como na aurora dos tempos que emana leite e mel,

Nasce meu filho querido, meu querido Miguel.

Nasce em mim a esperança que a vida me tirou, nasce em mim a tolerância,

Que a guerra ofuscou,

Deixa em mim a delicadeza e o odor do jasmim.

Meu querido Miguel, que das entranhas de minha amada vi nascer,

Seja querido, querido, como o amor que vi crescer,

Seja depois de eu partir, a cantiga de ninar que sempre quis ouvir, enfim

Choro nos cantos meu filho, por não ser tudo que queria,

Choro os amores perdidos, choro angústias passadas,

Choro os contos de fada que da infância não foi contada

Mas rio do dia que te vi nascer da amada, meu bem-querer,

Não me sinto feliz com tudo por que tudo não pude ser

Mas sou feliz com seu sorriso que a natureza pode me dar,

Ah! Meu filho querido, queria tanto te ver crescer,

Queria tanto te ver casar, queria tanto te acompanhar,

Mas não posso, meu filho querido, tenho cedo que partir,

Meus olhos se adormecem e me fazem querer dormir,

Queria poder acordar e nunca te ver partir,

Queria meu filho amado, não morrer para meu mundo,

Pois o mundo que vivo, é o mundo que vivo por ti

Quero chorar agora, meu filho,

Quero chorar meus sentimentos,

Quero chorar minhas últimas lágrimas, que escorrem por meu rosto sofrido,

Quero vê-las gotejar em meu colo acalentado,

Por ter sempre você do meu lado,

Não me importo comigo, sou fruto do sofrimento,

Me importo contigo, com seu doce sorriso infante,

Que me dói de apenas pensar em que vais chorar de dor um dia,

De paixões não correspondidas ou de ambições não declaradas,

Peço a deus que lhe guarde, dos males que se precipitam,

Dos pecados que nos assolam, das memórias que nos devoram,

Quero que deus me perdoe, dos pecados que cometi,

Dos males de minha vida, das morte que revivi,

Quero que todas as culpas eu possa levar por ti,

Quero meu filho querido, de todas as dores da vida,

Mesmo sabendo que não posso,

Quero tirar te sem demora, em minha triste despedida.

Lucas de Arcanjo
Enviado por Lucas de Arcanjo em 27/07/2011
Código do texto: T3121715