O QUARTO

O quarto onde eu durmo

é um escritório

que veio a ser quarto de dormir,

no dia em que cedi,

à minha mãe que adoeceu,

o quarto onde eu dormia.

Fica na frente da casa,

diferente. tem uma janela

que se abre para o céu

que entra teimoso na varanda

passando entre os arbustos

que dão sombra, nos canteiros.

O quarto do fundo, mais abrigo,

é suave, e pouco mais escuro.

a luz vem pela janela pequena

que se abre sobre o espaço

que há entre o corpo da casa

e lá, um opaco muro antigo.

Aqui o micro canta e conversa

cabeça solta para o mundo.

no outro, não era sempre

que eu conversava com gente

mas sonhava...sonhava lá,

frequentemente...

Lá tem uma cama de ferro

e no meu recôndito sossego,

às vezes, de dia via estrelas...

aqui tem um telescópio,

ópio de lentes curiosas,

para ver aglomerados solitários.

Ali fora, na varanda o canário

canta, e a gaiola é o mundo.

no compasso me diz o que eu sabia

- tranquilidade não é espaço;

é sumo de um não-sei-o-quê, e rumo!

Penduro a camisa no telescópio, e durmo...