Santuário da maternidade

O útero materno

é um cofre forte,

um santuário fechado

a proteger o mais sagrado dos tesouros,

um bebê em formação.

Não violes o ventre;

não viajes à noite sem faróis

pelas suas curvas

na contramão insensível.

não agridas; não violentes;

não postergues, não forces,

não perfures a parede uterine.

Não profanes

o Santuário da Maternidade.

Deixa que a criança repouse

na manjedoura inocente,

com seu soninho de espera

e seu calor de placenta.

Deixa-o crescer sossegado,

com seus grandes olhinhos,

com suas mãos tímidas,

seus pezinhos que flutuam

e cabeção de menino.

Deixa-o crescer sossegado,

carequinha e sem dentes

pra receber os afagos,

as fraldas, chocalhos,

sapatinhos de veludo;

pra receber seus Reis Magos,

pijaminhas e bubus,

Seus primos, irmãos,

seu pai, seus avós,

e seu colo de mãe;

Não profanes

o Santuário da Maternidade;

não interfiras, não firas;

não infrinjas, não invadas;

não provoques o aborto;

não permitas que os germes patogênicos

do mundo exterior penetrem

no peritônio úmido.

Não rejeites o nascituro.

Não lhe cause nenhum mal

e como bênção, aceita-o.