LEÃO FERIDO
LEÃO FERIDO
Eu vi um homem...
E ele mirava o horizonte
E via por detrás do monte
E este homem era um leão
E seus olhos verdes (tinha hora)
Confundiam-se com a paisagem
Confundiam-se com a miragem
E tinham a cor da coragem
E eu fiquei admirando
Como ainda estou agora...
E ele lutava como um leão.
Aquele homem fixamente olhando
O nada, o tudo e eu tentando
Adivinhar os pensamentos daquele leão
Que pensava, que agia, que lutava!
Mas o leão foi ferido...
Digamos, que pela vida!
Então eu olhava aquele homem
Subjugado, desintegrado
Destituído, desdignificado, indignado
Um leão domesticado, manso, desdentado
Desmotivado, desencantado
Mas eu via ainda um leão.
Não choro pela decadência do corpo
Chorei muito antes
Pela ausência do espírito do leão.
Este que bravamente, novamente luta...
E as lágrimas que molham minhas palavras
Escritas ou orais
Não apagarão jamais
O respeito e a admiração
Por este leão que eu quero
Seja eterno no meu coração
Cujo débito de vida reclamo, reitero
E declaro sem pudor
Será perpetuado!
Leão, cura tuas feridas
Leão, recupera tua dignidade
Leão, resgata tua integridade
E saibas, que agradecidamente
Eternamente e indubitavelmente
Serás por mim, amado!
Leopoldina, MG, 10 de maio de 2003.