Olhar no horizonte

Fazia tempo que queria um tempo

De ficar sentado lado a lado

Mesmo sem nada dizer

Sem nada exigir...

Em um ponto longínquo

Do infinito arco do horizonte

Seu olhar se perdia...

Nem a chuva fina que caia

E sem pressa na vidraça escorria

Seu olhar, desviar, fazia.

Sentei-me com cuidado até

Em seus cabelos fiz cafuné...

Olhou-me de canto e sorriu...

Segurei e acariciei sua mão.

Por um breve momento

Ela olhou sentindo meu gesto

E voltou a olhar o infinito...

Juro que olhei e nada vi.

Ficamos os dois, assim...

Quietos, a vida falava por nós...

Ela continuava fitando o infinito

E eu... acariciando sua mão.

Não vi vida em seus olhos...

Levante-me ainda segurando sua mão

Tracei em sua fronte o sinal da cruz

Pedi bênção e sua resposta

Veio em forma de suplica:

Leva-me para casa!?

Contive as lágrimas e sai...

Na rua da vida a chuva fina

Misturou com as lágrimas

Que escapava sem licença pedir.

Olhei pro tempo, lá atrás, e vi

O tanto que essa Mulher me amou

E o quanto hoje ainda me ama

Mesmo tendo o olhar no horizonte.

Obrigado mãe, por tanto amor.