Minha Vida

Nasci pobre, caçula,

Porém dos quatro o maior.

Logo adoeci, costela e cabeça.

Acabei o menor...

Benzi, azeite e mel.

Com farinha às sextas-feiras.

Saiu verme preto das costas!

Nojeira! Nojeira!

Cresci magro e branquelo!

Diferente do resto...

Comida, roupa, tudo ruim.

Porém sem protesto...

Meu pai, madrugada,

Roça, tarde, cachaça....

Minha mãe,

Coitada, coitada, coitada...

Todo mundo na escola,

Tem lanche, é de graça!

O menino é esperto,

Passa ano, passa, passa...

Todo mundo dizia:

Inteligente!

Ouviu tanto elogio,

É agora indecente!

Pensei logo o futuro:

Estudo e trabalho,

Jamais vou dar duro!

Estudei trabalhei,

Mas o duro não acaba...

Sou culto, formado,

mas a pobreza não sara...

E agora o que resta

É bater com a testa,

Nesta vida tão dura!

Vai doer a cabeça,

Tem remédio que cura...

É chamado cachaça,

E apaga a amargura...

Agora entendo a cachaça do meu pai...

Fábio Rocha Borges
Enviado por Fábio Rocha Borges em 10/07/2014
Código do texto: T4876680
Classificação de conteúdo: seguro