Minha Vida
Nasci pobre, caçula,
Porém dos quatro o maior.
Logo adoeci, costela e cabeça.
Acabei o menor...
Benzi, azeite e mel.
Com farinha às sextas-feiras.
Saiu verme preto das costas!
Nojeira! Nojeira!
Cresci magro e branquelo!
Diferente do resto...
Comida, roupa, tudo ruim.
Porém sem protesto...
Meu pai, madrugada,
Roça, tarde, cachaça....
Minha mãe,
Coitada, coitada, coitada...
Todo mundo na escola,
Tem lanche, é de graça!
O menino é esperto,
Passa ano, passa, passa...
Todo mundo dizia:
Inteligente!
Ouviu tanto elogio,
É agora indecente!
Pensei logo o futuro:
Estudo e trabalho,
Jamais vou dar duro!
Estudei trabalhei,
Mas o duro não acaba...
Sou culto, formado,
mas a pobreza não sara...
E agora o que resta
É bater com a testa,
Nesta vida tão dura!
Vai doer a cabeça,
Tem remédio que cura...
É chamado cachaça,
E apaga a amargura...
Agora entendo a cachaça do meu pai...