ESTRANHOS ESTRANHOS À MESA

Passo os olhos nas mesas dos restaurantes onde vou

Vejo famílias juntas, que juntas não estão

São estranhos estranhos à mesa, juntos como por acaso

Cada um alheio ao outro, estranhos estranhos à mesa

Não falam entre si, nem parecem se olhar

Apenas trocam grunhidos, sem precisar se olhar

Quando parecem se comunicar não conseguem nos olhos olhar

Estranhos estranhos à mesa, não querendo entre si se comunicar

Seus dedos ágeis parecem nem tocar no visor

São conversas de rostos tensos, outras parecem de horror

Não há som em seus lábios, apenas expressões

Estranhos estranhos à mesa, são família ou estranhos?

Parecem estar em outro mundo, um estranho mundo estranho

Onde não existem palavras apenas gestos repetidos e mudos

Os dedos falam, o que os lábios não dizem

São pais, irmãos, tios e filhos, estranhos estranhos à mesa

A comunicação é apenas, com aqueles que seus pratos servem

Entre eles não existem, palavras ou mesmos gestos

São como se fossem estranhos, que ainda não se conheceram

Apenas estranhos estranhos à mesa, apenas estranhos

Não há um olhar, nem um toque, tudo parece mecânico

São estranhos estranhos à mesa que antes eram família

Que ao levantar procuram apenas uma tela assim com antes de dormir

Continuarão não mais estranhos estranhos na mesa

Mas no dia a dia por vir