Memórias de Meu Pai

Memórias

Caminhei quando criança ao lado de meu pai,

Seus passos eram largos, lagos passos, passos ligeiros.

Apresso o passo, tento acompanhar, mas era debalde, seus passos tinha avidez de chegar.

As vezes seus olhos eram fixos à frente, as vezes só olhavam o chão. Um, dois, três...contava eu, tentando acompanhar. Eu cá, no meu silêncio medonho, queria tanto conversar! Mas meu pai nada dizia, só pensava em chegar.

Sentia-me seguro ao seu lado, sentia-me importante à acompanhar. Um, dois, três...dessa vez quase fica para trás. Eram dois homens andando, dois homens lutando, dois homens amando. Ele andava, eu andava. Ele lutava e amava e eu também.

Ouça o roçar de sua calça, uma perna na outra, estou querendo imitar. O filho imita o pai, o pai se alegra ao vê-lo imitar. Não posso distrair-me, são quatro léguas para se andar. Será se consigo? Será? E se não aguento? Ficarei pelo caminho? Cada homem tem seu caminho por isso não pode parar.

Ainda é cedo, a areia do caminho ainda fria me causa afago. O canto dos pássaros me ancanto mas não posso distrair-me. O caminho é grande, grande é o tempo, o tempo não para. Seus passos são longos. Caminhamos léguas! Já sinto cede, mas meu pai nada diz, quieto-me para não destraí-lo.

Será que ele pensa? Ou será máquina? O homem segue seu caminho, acompanhado ou sozinho. Meu pai não era máquina mas seguia caminho para casa retamente sem atalhos, diligente feito máquina seu roteiro a marcar. A vida nunca foi fácil e sempre difícil é enfrentar.

Seu olhar taciturno me cala toda pergunta, olha de lado, meu olhar oacompanha. Um lagarto a beira do caminho, o pisar em um graveto tudo me chama a atenção, mas seu olhar difuso a tudo contempla, me olha rapidamente, dar um sorriso ligeiro; seu riso me diz que nada devo temer.

Me calo tranquilo, sei que não devo temer. Meu pai é meu herói, minha razão de viver. A vida é longa, caminha-se passo a passo e nunca devemos parar, até que se complete o legado deixado de pai para filho a vida pra se enfrentar.