Pai meu, (que és) do céu...
Pai
Naturalmente que...
- Acossado pela perfídia
de quem apaga faróis,
no coração do negrume,
rota adiante...
E naturalmente que...
- A fuselagem a esgarçar-se
tangente ao desaforo
no proémio da ronda...
Ah temporal danado!
E naturalmente que...
- A náusea,
mais que vertigem
e um olhar doentio
pela diagonal do mapa
possivelmente viciado...
(a cena do costume!)
E naturalmente que...
- As asas a terem de resistir
e toda a "stamina" a estar
no esforço de reinventar
a leveza do voo...
Naturalmente... pois então!
Olá pai!,
obscuro e fiel
no armazém do meu avô
algures em mim
e nas entranhas
do Porto;
Pai! meu serralheiro
bem asadinho,
meu Senhor Doutor!...
...e nas pontas dos pés
estico-me todo para ti
estendo-te os meus braços
quero o teu colo,...
Vá!...escuta-me!
Januário, Pai!,
meu sargento-piloto,
dá-me colo
e repara que
estão asas abertas
tão doiradas
no teu peito!
Luis Melo
P.S.:
...
e
sem
jeito
de
se
explicar
decorre
um
oiro
nos
meus
olhos
por
ti
e
pelo
tanto
de
ti
a
ser
só
e
sempre
o
céu.
É
amor
Januário!
Juro-te
que
é
amor!