Pai meu, (que és) do céu...

Pai

Naturalmente que...

- Acossado pela perfídia

de quem apaga faróis,

no coração do negrume,

rota adiante...

E naturalmente que...

- A fuselagem a esgarçar-se

tangente ao desaforo

no proémio da ronda...

Ah temporal danado!

E naturalmente que...

- A náusea,

mais que vertigem

e um olhar doentio

pela diagonal do mapa

possivelmente viciado...

(a cena do costume!)

E naturalmente que...

- As asas a terem de resistir

e toda a "stamina" a estar

no esforço de reinventar

a leveza do voo...

Naturalmente... pois então!

Olá pai!,

obscuro e fiel

no armazém do meu avô

algures em mim

e nas entranhas

do Porto;

Pai! meu serralheiro

bem asadinho,

meu Senhor Doutor!...

...e nas pontas dos pés

estico-me todo para ti

estendo-te os meus braços

quero o teu colo,...

Vá!...escuta-me!

Januário, Pai!,

meu sargento-piloto,

dá-me colo

e repara que

estão asas abertas

tão doiradas

no teu peito!

Luis Melo

P.S.:

...

e

sem

jeito

de

se

explicar

decorre

um

oiro

nos

meus

olhos

por

ti

e

pelo

tanto

de

ti

a

ser

e

sempre

o

céu.

É

amor

Januário!

Juro-te

que

é

amor!

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 06/05/2016
Reeditado em 20/03/2018
Código do texto: T5627177
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