MEU PAI





Lágrimas embaçam meus olhos
E um véu de tristeza cobre-me a face,
Nesta manhã chuvosa de maio,
Em que uma dor profunda no peito
Veio autenticar a certeza da tua ausência definitiva...

Por aqui,
As coisas continuam as mesmas,
E o relógio, conta-gotas do tempo,
Não parou de pingar os segundos,
Assim como o orvalho no amanhecer
E as horas vão acumulando dias e noites
Sem que haja a menor possibilidade de te encontrar...

Procuro-te no olhar e nos gestos de cada irmão,
Nas músicas que ouço e nas fotografias
Cujo sorriso opaco não me mostra mais a tua luz
Procuro-te, enfim, em todos os objetos que foram teus
E percebo que o teu perfume evaporou-se
Restando apenas este vazio em minha alma...

Se eu pudesse, agora mesmo,
O meu pensamento encontraria o teu
E tu poderias conversar comigo
Como fazias antes dessa viagem insólita
Que me deixou órfã de ti, meu pai querido!

No entanto, a tua presença é a maior certeza
Que trago em mim de que a vida continua
E que, se o pensamento plasma a realidade,
Poderemos nos encontrar por aí,
Sempre que a saudade se fizer por demais insuportável...
Assim, nós dois, naquela cumplicidade de pai e filha,
Sairemos à procura um do outro,
Nessa viagem fluídica, privilégio dos que amam!



 
Lídia Bantim
Enviado por Lídia Bantim em 20/07/2016
Código do texto: T5704006
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