De escadas podres..pregos..ferrugem..e sal...

De escadas podres..pregos..ferrugem..e sal...

E veio a pedrada, não aquela comum à infância nossa. Que eu sempre revidei. Não, não aquela tão singeleza dos tempos idos.

Veio uma pedra estranha e perversa a ressuscitar medos adultos.

Foi ontem..foi ontem que vi a fragilidade nos teus cabelos alourados..tuas costas tranquilas..e já sabia que sem ti não sei viver.

E embaralho me embaralho em orações que nem mais consigo dizer.

Procuro meus terços..mas..as gavetas voaram..voaram as gavetas por sobre meu corpo.

E em orações eu sucumbi nas pancadas e murros fortes.

É, foi ali, no açoite do meu corpo infante..nas pobres vestes rasgadas que perdi o santo anjo do Senhor.

A quem pedir??

E no ano e dez meses que nos separam..balanço você tão lourinho e traumatizado.

Mas..nós crescemos assim...

Nos salvamos das vergalhadas por menos que nada..

Nos salvamos da bruxa má..

Nos salvamos do explorador de órfãos..usurpador de heranças herdadas com suor e respingos de sangue...

Nos salvamos dos predadores todos.

Meu Deus..eu respirei..tudo em paz..

Me descuidei olhando adiante...

E agora??

Não vejo respostas e me dói a tua inocência..

A tua parca dieta..

Tua despreocupação..

Teu riso manso..enquanto procuro respostas..

Reais..concretas..

Murmuram..os doutos murmuram..sem saber..das escadas podres as quais nos arriscamos em pregos enferrujados os quais nós tanto pisamos..e era sal e boca fechada...

Mas crescemos...

E a vida dói sem pudor algum...

É que o mundo está em guerra..e nós nem sabíamos que Deus precisa da nossa dor para que imploremos ajoelhados em vidros cortantes...

E foi orando e implorando que ante o todo aprendido sem sequer os seios nascidos..que meus anjinhos e meus terços..nos destroços que não houve como aparar..por pura malvadeza e ira..me levaram os caminhos da fé. E de fé..muita fé..tenho imensa precisão. Eis que não me é lícito..adoecer..parar..ou me cansar. Pois o pouco que sobrei..é arrimo..é arrimo por amar..pois somos quatro párias..somos a soma..o genes.. E nunca seremos três..posto que é legado infindo..e só serei..se formos os quatro..se três..somente dois a ficar...

Dorothy Carvalho.

Para meu irmão Paulo Afonso S. Carvalho.

Goiânia, 19. 11. 2016

Go.

Dorothy Carvalho
Enviado por Dorothy Carvalho em 16/12/2016
Reeditado em 29/05/2021
Código do texto: T5855302
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