A casa de meu pai

A casa de meu pai conta a gota, uma goteira

Que encharca os desatinos dolorosos

Todas as janelas sobrepõem-se as telhas

Enquanto um grito vigia as portas

Na casa de meu pai, desce um porão

Passados e passagens os medos apontam

Corredores cavando e enterrando o chão

E um doido açoite revirando as sombras

Pela casa de meu pai se arrastam três nós

Cegos, surdos, mudos buscando uma escada

Que fugiu saltando por cima do muro

Sem a casa de meu pai se desfez um laço

Duas pontas soltas perdidas no espaço

Dois pés quebrados sem noção de altura

Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 01/04/2017
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