Herança
Tropecei no meu baú de ossos
relicário, cápsula do tempo...
O vento às vezes trás uma brisa
a vida às vezes volta ressurgida
Canta em mim um passarim passado...
Sou cantor no DNA decodificado
sou moda de viola renascida
sou rock pós fado emepebezeado
cantando as cinzas dos ossos reerguidos
em meu esqueleto armado
Fraseando o sentimento perdido
encontro causa para porque canto
Harmonizando a melodia da saudade do que não tive
componho homenagem pela dádiva
que o passado me presenteia
Na teia dos laços de família
no meio da nuvem de cinzas, da urna que se quebrou
o pó que me cobre, me cobra:
nobre arte, nobre artista!
Ele era assim, eu sou assim:
uma preguiça de dia
e a alma boêmia que incendeia
quando é noitinha
Cassio Poeta Veloz
NOTA: para o parceiro Cliver Honorato, sobre sua relação artística com seu avô.