ÁRVORES DE MINHAS ENTRANHAS

 
Amo as três árvores que nasceram de minhas vãs semeações,
alimentadas do mesmo Sol e do húmus de único terreno;
ímpares entre si:
peso, altura, visão do mundo e desenvoltura.

 
Amo as três irmãs, lindas criaturas advindas
de um mesmo ventre,

nascidas e crescidas das mesmas raízes,
que se elevaram em flores

e se transformaram em frutos,
e que ainda crescem e amadurecem.

 
Frutos cujos miolos conduzem
incontáveis e potenciais sementes.

 
Amo essas três bailarinas que trazem os pés visivelmente machucados
de tanto lutarem em rodopios,
como fazem as raízes pra se firmar no solo.

Busca incessante da reta,
numa equação linear,
que traçam com firmeza, resolutas.

 
Luta renhida para sobreviver
contra ou a favor do soprar dos ventos.

Luta pra maturar suas folhagens
sob o calor e o olhar vertical da luz solar.

Luta para salvar um coral de mil ramas
com a vibração horizontal de suas vozes.

 
Luta pela perspectiva de uma feliz vivência
e mui iluminadas convivências.

 
Amo essas três arquitetas da vida,
que Deus mandou para mudar o mundo:


Raïssa, rainha que reina na Primavera,
exato quando as folhagens se mudam;


Vera – filha de Sophia – sabedoria
que espalha certeza e sinceridade;


Ana – sentido de oferta e de doação –
mãe admirável e de sempiterna juventude.

Exceto as folhagens e ilusórias imagens,
que nada mude!



 
 Recife (PE), 07/setembro/2017.
 
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 07/09/2017
Reeditado em 09/10/2017
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