Das coisas que só a gente sente
Todo mundo diz que a maternidade transforma,
mas só eu sei o quanto errei
e disse só pra mim ‘não sei’.
Falar das alegrias da maternidade é fácil,
mas só eu sei os choros engolidos,
os mini infartos sentidos
e o medo em mim contido.
Por muitas bocas serei julgada,
mas nenhum olhar viu por quantas vezes na madrugada acordei,
por quantas vezes pezinhos de frio eu com meia calcei
e quantos machucados apenas com um beijinho eu sarei.
Me disseram o quanto é importante ter uma rede de apoio,
mas, mesmo com tanta, eu pude perceber a fortaleza em mim,
quando ser forte foi a minha única opção.
Me contaram sobre plenitude na maternidade,
mas só eu sei o que (ou “os ques”) abdiquei,
quantos “eu quero” eu retardei,
o quanto não me priorizei
e quantas vezes por um tempo sozinha eu clamei.
Falaram para mim da mãe polvo,
dos super poderes de MÃE,
mas eu bem sei as vezes que me passei,
a mamadeira de água que não levei,
o arroz que queimei,
o dente da cria que não escovei
e o quanto me culpei.
Falaram...
Disseram...
Alertaram...
Contaram...
Mas hoje eu sei, não só com os ouvidos,
talvez porque a maternidade seja dessas coisas dos sentidos,
daquelas que só a gente sente!