O bigode

Lembro do meu pai nos sábados fazendo a barba com calma.

Espelho pequeno, aparelho antigo...

E no final pegava uma tesoura que ele afiava as vezes na pedra...

E começava a aparar o seu bigode, um ritual fio por fio!

Fico imaginando o tempo que levou para ganhar aquela precisão...

Imagino o moço novo ostentando pela primeira vez o bigode negro...

A galhofa dos irmãos mais velhos...

Crescemos, nós seus filhos com a imagem do respeito e hombridade do homem do bigode!

Então passou o tempo e veio a doença.

Em uma das tantas idas ao hospital, cheguei fui para sala de espera.

Ele fazia mais uma cirugia, foram muitas...

Vem uma enfermeira empurrando a cama maca.

Vi primeiro a cabeça branca, o olhar ainda grogue de reconhecimento.

Mas falta algo, o choque foi grande, um dos momentos mais tristes!

Meu pai sem o bigode.

Judiaria do destino!

Paulo geovani
Enviado por Paulo geovani em 26/07/2020
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