Um arco
Meu avô correu para ver
Um avião cruzar o céu;
De cá de baixo, olhou
O vulto transpassar as nuvens.
Seus olhos, marejantes,
Fizeram, com a nave, a trajetória:
Girando o pescoço,
Torcendo a cabeça,
Pulsando o coração…
E, quando já não podia mais
Enxergar o seu brinquedo,
Deixou a porta de casa, contente,
Achando que ganhou o dia.
10 de Março de 2004
Para meu avô Mosquito.