À MINHA MÃE

1

Tantos versos que fiz e dediquei

A tantas coisas fúteis e vazias!

Vão dizer que de ti não me lembrei

Em nenhuma de tantas poesias.

2

Dirão que sou ingrato e te olvidei,

Que exaltei impressões tão fugidias

E, ao compor meu poemas, não pensei

Sequer em todo o bem que me querias.

3

Mas eu não te esqueci – é bem verdade:

És a razão de uma felicidade

Que só pode provir do próprio Deus.

4

Não fui mau filho, não te dedicando

Os tantos versos que eu andei cantando,

Se todos os meus versos já são teus.

(In “Mea Culpa”, Ed. Codpoe – Rio, 1989)

Cleverson da Silva Gomes
Enviado por Cleverson da Silva Gomes em 24/11/2007
Código do texto: T751003