À MINHA MÃE
1
Tantos versos que fiz e dediquei
A tantas coisas fúteis e vazias!
Vão dizer que de ti não me lembrei
Em nenhuma de tantas poesias.
2
Dirão que sou ingrato e te olvidei,
Que exaltei impressões tão fugidias
E, ao compor meu poemas, não pensei
Sequer em todo o bem que me querias.
3
Mas eu não te esqueci – é bem verdade:
És a razão de uma felicidade
Que só pode provir do próprio Deus.
4
Não fui mau filho, não te dedicando
Os tantos versos que eu andei cantando,
Se todos os meus versos já são teus.
(In “Mea Culpa”, Ed. Codpoe – Rio, 1989)