Ser mãe

Ser mãe é viver e morrer de amor

Diariamente, invariavelmente.

Ser mãe é ter a vida pulsando

Em outro corpo que é parte do seu.

E aquele pedaço de amor é tão inteiro

Mesmo sendo pedaço

Que dói no avesso da alma,

Na essência da pele,

Na saudade, na memória,

Pois dor de amor nunca se acaba.

Ser mãe também é carregar o filho no ventre

Mas é bem mais carregar uma culpa na alma

Culpa por não conseguir ser perfeita

Embora seja o maior envoltório de amor que há.

Pois não é tarefa fácil ser mãe

Uma vez que a missão é confiada ao ser humano mulher.

E da mulher a existência é combativa

Desde que sai da barriga de uma outra mãe

Tão sua e tão mulher quanto ela mesma

Tão missionária também.

A vida vai se perpetuando de mulher em mulher

De mãe em mãe, de templo em templo.

E de tempos em tempos também se faz

O destino-presente da maternidade

A renovação da força e a glória da maturidade.

A toda prova sua própria oração

E a cada filho suas próprias dificuldades.

Só o amor é sempre o mesmo, igual, invariável

O maior que se encontra no mundo

Tornando-a divina, tornando-a especial.

E de Maria em Maria nos repetimos

Da mãe de Jesus à mãe de um Judas

Seguindo os calvários sem a opção da desistência

Enfrentando o inferno ou regozijando um céu

Oferecemos a eles o que temos de melhor.

Pois a maternidade é dádiva e desterro

É escolher viver pelo outro, exilando-se de si

É também conhecer todos os limites do amor

E descobrir como amar sem limite algum

Por mero sentimento, pelo simples nascer de um filho.