Café da Manhã

É abril no calendário sobre a mesa

E o barulho da máquina de escrever

Rompendo o silêncio das certezas

Que acompanham cada amanhecer

As preces das crianças ao acordar

Em meio ao aroma delicado de café

Não que a oração possa vir a ajudar

A garantir um pedaço maior de fé

Mas o bolo de fubá que é servido

Junto à bebida de sabor inebriante

Faz com que o sujeito se sinta vivo

Muito mais do que se sentia antes

Vejo as crianças indo para o colégio

Enquanto a esposa as beija na saída

Sinto-me mergulhado no privilégio

De com eles partilhar esta vida

Ela pega sua caneca preferida

Experimenta o café ainda quente

Comenta que se sente atraída

Pelo meu sorriso quase inocente

Brinco que é um charme de poeta

Para deixá-la ainda mais apaixonada

Ela diz que esta é a resposta certa

E me pede para ser beijada

O sabor do café em nossos lábios

Fazendo recrudescer as lembranças

Descobrimos que temos sido sábios

Na educação das nossas crianças

De repente o tempo pareceu ter parado

P'ra testemunhar nosso amor adolescente

Mesmo após duas décadas casados

Café e poesia ainda unem a gente.

Maurício de Novais Reis
Enviado por Maurício de Novais Reis em 24/11/2022
Reeditado em 24/11/2022
Código do texto: T7656822
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