Meu pai

Cabelos grisalhos quase brancos

Os tons de cinza claros trazem o brilho e a brandura de sua alma

Olhar sereno

de quem já passou por mais que esperava

A marca dos óculos em sua pele

Assim como algumas situações da vida

Foram necessárias para seguir

A voz grossa meio arrouqueada e tranquila como uma canção aos meus ouvidos

Falam de sua austeridade mas também da paciência e leveza do seu ser

Seu semblante traz a mim a lembrança de seu velho pai, meu avô querido, que com a sabedoria da simplicidade se transformou em um norte à sua prole

Os ombros levemente inclinados pra frente demonstram que carregou mais que pudia suportar

Em seu corpo marcas e cicatrizes de todos os momentos vividos sejam felizes ou tristes

As mãos que outrora carregaram enxada e peso, também carregaram malas, maletas e muitas canetas que mesmo mais leves trouxeram-lhe mais e mais responsabilidades

Mas que hoje tocam seu violão com carinho e emoção dando caminho a belas canções

Seu caminhar firme e seguro sempre adiante como se desejasse chegar a algum lugar onde sua alma pudesse se aquietar

Sua vida cigana o levou a tantas aventuras, tantos encontros e desencontros, tantas histórias

Uma bagagem imensa cheia de altos e baixos, idas e vindas, tropeços, encontros, reencontros, solavancos... pega no tranco seu moço que a vida não pára nem espera pra ninguém desembarcar...