Ao Meu Querido Velho Ambrózio

Obrigada, velhinho, pelos minutos que arranjava,

Entre os três turnos de trabalho

Para ajudar-nos nas lições

Ou divertir-nos com suas piadas infantis

Lembro sua pequena figura

Ajoelhada conosco em volta da mesinha de centro

Recortando bichinhos em caixas de papelão

Jogando "dicionário", recitando poesias,

Ensinando-nos canções, fazendo trocadilhos

Ou perdendo no xadrez só para nos ver sorrir

Lembro, com ternura, a paciência com que me esperava

Escovar os cabelos em sua barba por fazer

Nos muitos exemplos que deu

Conseguiu fazer-nos pessoas de bem

Lembro a doença cruel que o debilitou e humilhou

Sem nunca alquebrar-lhe a fé e o humor

Peço-lhe, papai, que daí onde se encontra

Cuide de mim, de nós, como sempre cuidou