O VELHO E O DOTE
A moça com saiote
Feito de chamalote,
Pra esconder o culote,
Ajeita o laçarote
E, apesar do tempo de capote,
Descobre o decote,
Amostra o cangote,
À espera do rapazote,
Que vem dando pinote,
Sem o dinheiro do dote.
O pai já velhote,
Que não aceita calote,
Prepara o enxote,
Mas a mãe, trazendo doce no pote,
Alerta o velhote
Que a encomenda é maior que o pacote,
E que a filha “donzela” espera filhote.
O pobre tem um fricote!
Xinga a filha de cocote,
Dá-lhe um piparote,
Pega o frangote
E manda que anote:
Antes que a barriga brote,
Que o povo bisbilhote
E que da cidade eu vire mote,
Vocês vão se acertar no sacerdote.
Vou convidar dos amigos um lote,
Pra comemorar num convescote
À luz de archote
E com tocador de fagote.
Mas não se esqueça, frangote,
Mesmo que à minha filha amor devote,
Você ainda deve o dote,
Traga-o, ou passo-lhe no saco o garrote.