Batuque de galope

Batuque de galope

Ouvi vindo da rua quando estava acordando

O som de uma matraca qual cavalo galopando

E tive um surto louco qual me ocorre vez em quando

De traduzir em versos o que estava escutando

Me levantei

Fui estudar

Buscando uma maneira de meu verso galopar

Então pensei

Pra que chorar

Buscando um verso triste, se eu quero me alegrar?!

No escuro do meu quarto galopando no meu verso

Perdi-me na batida do meu peito a palpitar

Iluminei meu quarto dando um soco na janela

E, pulando na rua, ensaiei sapatear

Olhei pra cá

Olhei pra lá

Não vi ninguém por perto, então resolvi parar

Eu vi, então,

Quando uma velha

Pulando da janela, espatifou-se pelo chão

Então saí correndo, louco, dando cambalhota

Mirando surpreendido no decote da velhota

A velha deu um pulo e agarrada no meu braço

Pôs-se a se arrastar já esquecida do cansaço

Pensei então

Que bom pra mim

Dançando pela rua c’uma velha meiga assim!

Pensei então

Que bom pra mim

Dançando pela rua c’uma velha meiga assim!

E a batida da matraca já estava fenecendo

Cedendo tempo ao sol que já estava amanhecendo

E eu, de braço dado com a velha, na calçada

Sorvendo o gargalhar da nova amiga desdentada

(Djalma Silveira)