Ode ao Sono - Um protótipo de poesia

Ai, esse prazer da vida que nunca é o que pensamos

Esse ardor por acordar a cada manhã, só para poder dormir mais um pouquinho

Ai, que insosso essa preguiça que toma conta do corpo

E a cama que nos chama sem termos saído dela nem por um minuto.

Essa paixão é tão grande e dolorida

Quando toca os pés no chão, gela a espinha e não anima

Não é bem como diz o velho ditado

Que Deus ajuda quem cedo madruga

Ai, que dor largar meu travesseiro macio e gostoso

Onde repousa a cabeça cansada do dia de ontem na calma do remanso

Queria ficar outro tantinho

Com a cabeça descansada namorando as penas de ganso

Meu edredom parece falar comigo

Numa cantiga doce de ninar, com apelos atendidos vivamente

Para dormir os sonhos que ele partilha

E foge na manhã do dia dormente

Nem ouso levantar-me, porque sinto mais cansaço

Parece que a noite inteira que dormi

Não valeu um minuto daquele sono que julguei maçado

Ai, que imensidão de lençóis, é ali que quero existir.

Ainda bem que está frio, de gelar a alma

Não preciso tirar o pijama quando vestir as calças

As meias, já estarão comigo desde a noite passada

E o sono acompanha os casacos que escondem os buracos debaixo dos braços

Mas ao tomar o café, sinto um calor percorrer-me

Será que é o sono revoltado com tanta injúria?

Digo a ele: “não se preocupe”

Porque a noite volta com toda a sua candura.

Michele CM
Enviado por Michele CM em 23/02/2009
Código do texto: T1453391
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