A dama e o vagabundo

Vagabundo vagueando por teu sorriso,

tudo ja lhe dei, a alma, o sol,o paraiso,

sem troca alguma tua, oh dama gasela,

sem joias,que ignoras o brilho de estrela,

que a mim bastaria chorar em teus olhos

enceguecidos, nao sentindo meus orvalhos

soluçados alucinados pelo amor perfeito,

que me envereda em teu cabelo ao vento !

Da maior e ingreme arvore eu saltaria,

a te jogar como um tapete o meu peleto,

ainda que uma perna se quebrasse, soriria,

pensaria sonhar perto do meu maior alento!

Mas se com tua indiferença me apunhalas

e me impedes de respirar o ar que inalas,

pois nao sabes que te esperei pelo mundo

imenso, transbordando amor agasalhado!

De tanto te amar e imaginar-te,reconstitui

teu doce retrato mesmo evasivo,mas atribui

gestos amorosos e melodiosos onde danças,

flauteando aos meus ouvidos esperanças,

de seres minha, depois de tanto devanear,

vagabundo,seguindo doces migalhas da dama,

que ja me batizou o seu dono; e a florear

dorm’em meu sonho acordado nesta cama!

Tal arvore nua,desgalhada, desfolhada,

sou um vulto arejado, um tanto disforme,

co’a certeza unica, intima e escancarada:

meus rumos serao o cèu enquanto te ame!

Raios d’oiro me atravessam, sem o calor

adormecendo em meus sonhos constantes,

que tu excepcionalmente em garbo de flor

me fizeste cativo,dos frutos às sementes!

Grenoble-Fr-02/05/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 02/05/2006
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